A fome,
Cruza os olhos
marejados dos bares
do Recife.
A fome,
come!
o resto na farinha,
da batata frita.
A fome revira o lixo
e a fotografia esquecida
Katalata, pro leite das criança
A fome,
dança!
um balé invisível
entre os risos vazios
Os olhos da cidade
fecham os olhos de fome
ela não dorme, insone
A fome,
sonha!
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Um cão
Comi o veneno do cachorro
aquela carne vermelha
os pedaços de vidro
mileoitenta vezes
dormindo na rua
comendo essa hóstia
batizada pelo cão
sou a raiva
o incomodo
na paisagem burguesa
aquela carne vermelha
os pedaços de vidro
mileoitenta vezes
dormindo na rua
comendo essa hóstia
batizada pelo cão
sou a raiva
o incomodo
na paisagem burguesa
Malvadeza
-Iraci?
-Iraci?
Foi assim que soprou
O velho pajé
O tempo
O ritmo da chuva
que secou no vento
Assú preto! pode avoar
Decretou o seu Luiz, o Gonzagão
Amara acedeu uma vela
Todos sentados na sombra de uma mangueira
Escutando uma saraivada guiada por Lampião
Miram
Um canto voador no infinito
Afinando os acordes de tua chegada.
Limpo e profundo
É a mesma voz de quando tudo começou...
Passando entre as frestas
Dos dentes de um menino
Que como eu
Observa a poeira na estrada
Vida e morte
dançando no sopro do Saci
Iraci! Iraci!
Pense n' eu vez em quando
-Iraci?
Foi assim que soprou
O velho pajé
O tempo
O ritmo da chuva
que secou no vento
Assú preto! pode avoar
Decretou o seu Luiz, o Gonzagão
Amara acedeu uma vela
Todos sentados na sombra de uma mangueira
Escutando uma saraivada guiada por Lampião
Miram
Um canto voador no infinito
Afinando os acordes de tua chegada.
Limpo e profundo
É a mesma voz de quando tudo começou...
Passando entre as frestas
Dos dentes de um menino
Que como eu
Observa a poeira na estrada
Vida e morte
dançando no sopro do Saci
Iraci! Iraci!
Pense n' eu vez em quando
terça-feira, 19 de maio de 2015
VIII
A manhã se foi montada
em seus azuis
clarões de luz
vestidos, seios nus
os depois perdidos
Canta pássaro livre
abre as janelas, arreboís
em seus azuis
clarões de luz
vestidos, seios nus
os depois perdidos
Canta pássaro livre
abre as janelas, arreboís
segunda-feira, 13 de abril de 2015
segunda-feira, 6 de abril de 2015
Ressurreição
contemple.
teu pôr do sol
nascer da lua
três discos voadores
na radiola do tempo
na radiola do tempo
movimentos circulares
cabeça, som, corpo
teclas, sopros de vento
cordas soltas
reverberam os beros
a roda gigante estrelada
range e recomeça
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Diária
Sumir como o pó da estrada
como a folha no vento
sorrindo apressada passando na janela do ônibus
os pássaros retornam para os ninhos
as palavras não.
des-existir por um instante
para os olhares treinados do cotidiano
para as ações manipuladas e mecanizadas
romper barreiras minar estruturas
livre para nunca existir
tão contraditório como as palavras perdidas
aqui nesse papel, solto no chão, na chuva, na rua da vila união
não se conta os passos cansados do poeta
o peso das palavras é pouco
perto do peso de guardá-las
como a folha no vento
sorrindo apressada passando na janela do ônibus
os pássaros retornam para os ninhos
as palavras não.
des-existir por um instante
para os olhares treinados do cotidiano
para as ações manipuladas e mecanizadas
romper barreiras minar estruturas
livre para nunca existir
tão contraditório como as palavras perdidas
aqui nesse papel, solto no chão, na chuva, na rua da vila união
não se conta os passos cansados do poeta
o peso das palavras é pouco
perto do peso de guardá-las
quinta-feira, 19 de março de 2015
Canção
A poesia fere,
a poesia mata
a poesia é febre
a poesia apaga
a luz
do céu da boca
nua
a poesia é febre
a poesia calça
o salto alto
de um querubim
a poesia morta
ataca o coração
do mundo
a poesia mata
a poesia é febre
a poesia apaga
a luz
do céu da boca
nua
a poesia é febre
a poesia calça
o salto alto
de um querubim
a poesia morta
ataca o coração
do mundo
terça-feira, 10 de março de 2015
Ondas
Se nunca fiz
foi por acaso
não faça caso
sei que agora pode ser tarde
infinito é assim
se te vais agora
deixe te falar
se calo, me faço
transformo tudo em ar
quente perto do teu ouvido
suspiro sussurro gemido
tem que ser de verdade
da idade do mar
num castelo de vidro
sair de aquário é difícil
transcendendo calado
boto a orelha entre tuas conchas
escuto um canto escondido
indo longe feito menino atrás de bola
a mãe grita na porta
infinito é assim
se te vais agora
deixe te falar
se calo, me faço
transformo tudo em ar
quente perto do teu ouvido
suspiro sussurro gemido
tem que ser de verdade
da idade do mar
num castelo de vidro
sair de aquário é difícil
transcendendo calado
boto a orelha entre tuas conchas
escuto um canto escondido
indo longe feito menino atrás de bola
a mãe grita na porta
a vida é só um grito
Assinar:
Postagens (Atom)