Onde?

Onde está o vazio?
que estava aqui
no peito,
na cabeça,
na mente,
no copo...
Onde?
Onde está?
- Saiu andando cheio de si.

Ponto de Partida

Se finda o que era concreto
Liberta-se o preso
Ter somente o desejo

Fruto do esquecimento d’alma

Esquecer do que já não é
Sem sequer sentir saudade...

- Só tenho saudade do que estar por vim
O que ainda posso ter
E espero...

ACAUÃ

Dentro de o outro imaginário
um pássaro
que um dia cansado de voar
parou, pousou, e alguém lhe alimentou
de carinho e de atenção.

Mas logo logo voltou a voar
carregando em seu peito
carinho e respeito,
o pássaro só ama a liberdade
pois ser livre é a essência de sua vida.
É a sua verdade.

Imensidão e infinito
estão entre o sol e o céu
sol que queima as asas
e no céu em que se mergulha
o pássaro voa... voa... voa... voa...
e um dia ele passará
na minha porta.
Para depois, voar... voar... voar...
quero que me leve para onde for.

Poesia do Mundo Novo

Mundo novo,
velho mundo
mundo mudo
quero gritar!

Muda! mundo mudo!
mundo muda...
não fique onde está.

Quero mundo falar,
para mudar meu mundo
para ele todo novo deixar

E depois mudar, mudo, falo, mundo, novo, velho, mudar, tudo, todo, mundo.

MAR

Discursando minha própria verdade
pedindo para nascer de novo
criando mundos...
tão frágeis quanto um castelo de areia

Ondas mortas apagam a realidade
e tudo que é subjetivo me toma
não há caminhos, nem saída
só o mar de incertezas

Então mergulho de cabeça
no que antes era loucura,
hoje torno verdade
faço do cérebro, coração

Da vida faço canção
ao som da maré
doce ilusão, quero vivê-la
e não me afogar.

0,5

O Choro engolido, a angustia retida
Pode ser um sinal
Mas, não é um sinal de força.

Enquanto isso cruza meu corpo
e ferve no copo.
Tento contato
um contato imediato
Estou no meio, ou ao meio?
-Não sei...

Meio tudo, no meio de tudo
meio vivo, meio morto
Meio quilo de ilusão engarrafada
meio fio, cabeça no chão
meio não, tudo não
meio solto, meio preso na gravidade
meia idade, meia verdade...
Minha verdade.

Cinzas

Carnaval... Chega de falsa alegria!

Não quero me sentir vazio, quando a quarta-feira chegar

Nem ficar sozinho no bar

quero orquestrar a minha dor!

Solta o estandarte

Que a arte acabou!

A colombina foi embora.

Deixou para trás,

Minha cara amassada,

a fantasia sem graça,

E o amor do Pierrot.

O NADA

Todos querem ter

Todos querem saber

Todos querem poder

Todos querem ganhar

Todos querem querer

Todos querem sorrir

Todos querem muito

Todos querem tudo

Não quero todos

E nem quero ser todos

Quero somente me reservar

Ao direito do nada.

Nada ter,

saber,

poder,

ganhar (nem perder),

querer,

sorrir (nem chorar).

Deus é uma viagem

Milhões de tambores, cantigos, louvores e orações.
Clamam dentro de mim, a existência de um Deus.
Clamam! excessivamente, clamam!
por um Deus que não está aqui
que encarna e desencarna
aos pés do meu ouvido

E supreendentemente, calam!
ao perceber que esse Deus está morto.
Eu disse "esse Deus"!
E não estes milhões de Deuses aqui fora
que andam à procura daquele Deus
que já morreu.

Deus sou eu
eu faço o meu
Deus é uma viagem!

Equador

>Tudo aquilo entre mim e mim mesmo
entre os pensamentos e a falta deles
entre Deus e a minha vontade de ser Deus
entre o chão e o voo cego
entre o amor e a ausência dele
entre o riso e a faca
entre a loucura e a inexistência
entre todos, entrem todos!!!
eu caminho de olhos fechados
na corda bamba do mundo
a linha do equador.

Descanso

Hoje de manhã não acordei!

Ou são lembranças de uma noite mal dormida?

Mas, isso eu já não sei...

Sei que não acordei

Que o sol não bateu na janela

E a luz não torturou meus olhos

Hoje não teve mal - humor e nem café

E se teve dia ou noite

Também não sei...

Hoje não acordei

Preguiçar - Rotina

Vontade de dormir,

De amar,

Sentir prazer,

Amanhecer,

Acordar,

E dormir novamente.

Insônia Poética

Parte 1# Reflexo

De dia observo...

De noite vomito as idéias sobre o caderno

A insônia é companheira de quem escreve...

E inimiga da saúde mental.........

Parte 2# - Rotina

De dia durmo

De noite acordo

De dia sonho

De noite realizo

De dia calo

De noite falo

De dia percebo

De noite escrevo

Nesse instante esqueço

E vou dormir

½ Copo

A lua tão cheia

E eu aqui vazio.

Minha mulher cheia de mim

Cheia de raiva

E eu cheio do nada.

4#

Nem o Dragão

Nessa lua

Nem a dor

Nessa noite

Nem o dia

Nessa monotonia

Nem a poeira

Nessa cidade

Nem a psicodelia

Nessa idade

Nem o grito

Nesse infinito

Nem o susto

Nesse riso

Nem o remédio

Nesse tédio

Nem o mundo

Nessa morte

Nem eu

Nem você

Nessa vida

Escute quando ler...

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Para onde?

A saudade me arrasta

Pra qualquer lugar

Um bar, uma igreja

Uma festa, um manicômio

Um cemitério no dia de finados,

Um simples aniversário de criança,

Mas, em qual deles eu existo?

Em qual deles eu sou alguém?

Em que lugar sou?

Que lugar me cabe ser?