segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O Saci

Na esquina da rua
vi um velho Saci
de vento morto
fogo apagado
na luz da lua
recolhendo cacos
ao amanhã que cria
dia a dia,
noite e madrugada

o Saci na frente de casa
sua arte é supremacia
erguida sem ventania
com estrelas e fumaça

negra poesia
que se faça
no sereno e na graça
riscada nos muros da nostagia

terça-feira, 26 de novembro de 2013

VI

Não morra antes de amar
de dizer que ama
Amor é urgente e urgência
emerge da emergência
é rio e mar
se és barco não derivas
somente navega.

Lunar

ventos que amam pássaros
caminhos que não levavam a nada
me trouxeram até aqui
grito vivo
na rua e no céu 
a aurora que sempre chega
sete estrelas e papel

sábado, 12 de outubro de 2013

III

Tu vens branca , clara como as nuvens
que passam entre as grades da janela
tu vens descendo a ladeira
e quando te vais, deixas teus olhos,
carinhos e abraços
são os laços de tua aquarela.

Beira de Mar

Amara amava o mar
o mar Amara trazia
do lado lá onde onda batia
Galopes a se escutar

Amara nadava o rio
e o rio nada fazia
há mares de amar no vazio
no amor que Amara vivia

há muito mais que amar
amares e marés
muito mais que o mar
te vais breve, leve, leve...água e pés


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Converso

O Eu
Sumiu
Deu adeus
Bem sutil

a Deus
Aos céus da vida
Jogou-se o eu
eterna perdida

o eu não.
muito acima do chão
é fogo no canavial
ponto astral

meia lua é uma rede
e tome estrela a balançar
é mar sem parede
cavalo solto no ar





quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Quinta

plantei de peso a leveza do ar
de cinzas soprei nuvens no céu
de fogo queimei as águas do mar
rios, veias e barcos de papel

Claras paredes do véu
tudo que ainda pode chegar
É gema de alumiar
doçuras suaves de mel

plantei de leveza o peso do ar
de nuvens soprei as cinzas no céu
de águas queimei o fogo do mar
paredes claras do véu
suaves doçuras de alumiar
é gema de mel



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Andar

Não sou o poeta.
escrevo porque ando
abro a janela
caminho e amo

sinto, observo
a literatura das pegadas
as marcas do meu peso
as ondas irão leva-las

nos calos, calo
corro em trovoadas
passos, faço.
letras e palavras

A rua é minha casa
rosto na calçada
pés no ar
peito a declamar

o vazio me salta
deixo o escuro no olhar
não há freio na estrada
só poesia a caminhar



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Quase

Somos chuva do engenho
No meio da terra molhada,
O dia que acende a janela
Azul é reflexo
ela
mora nas nuvens
mergulho nas estrelas
nossas águas
Fruto do sexo
Descendo os Andes
Cachoeiras, 
passarelas,
Perderam-se no mar do Rio
Olhos de petróleo
Neblinas a Lua
Quase lágrimas
Quase nua

E já foi embora.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Setembro

Seis cordas
Uma para cada santo
Sua voz rebateu a porta
Isso tudo não era pra tanto

calo a resposta.

Sou teu
refém da proposta
escuro, céu
colares, colore em teu peito
vago.

Minha soma de retalhos
saudade não sentida
alegria a mais, vencida

junto os pedaços

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

San Javier

Estou cor de sangue
estar é diferente de ser
mesmo escorrendo nas veredas
sonho,
ser para além da carne
vermelha lua
no céu de cinzas
folhas vivas
olhos alumiados
Tragos doces tragos
traga paz
de onde não se pode tocar
posso ver sem espelhos
nu.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

I

Minha presença
é vento
só quer voar
é barco à deriva
velas apagadas

ora fico
ora já não estou
horas passadas
presente, passou.

horas vou
aqui, não!
agora, jamais!
sempre, nunca!
eterno e morto.

voando
entres os dedos
e as letras
só duas linhas
são meia noite.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

em trânnn-sito

Recife, seis da tarde
Vias e veias entupidas
Carros e corações parados
Infarto,
Não há buzinas, só, o silêncio
Ônibus lotados
sonhos perdidos
sonhos lotados
ônibus perdidos
atrasados
pulando um a um
no abismo,
que grita:
NA PARADA DÉSSE, MÔTÔ!


sábado, 8 de junho de 2013

Uni-verso

Sou feito de camadas do Universo
Uni-versos de mim
Continuo minguando com a lua
Nascendo com o sol
Tenho raízes profundas
Folhas e flores
Jardins suspensos da consciência

De dentro para fora e para sempre

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Poema ParaRaio


Raio de sol
Clave de dó no peito
Sardas, pele branca.
Cabelos de Gal, vermelhos
moldam aos ventos de quatros luas

quentes  e luminosos
preparação ,evapotranspiração, condensação
Pronto, estado de gota d’água
quase transbordando
clima propício para os sapos
que sobem as calçadas
cantando tua presença

agora sim és chuva
a Raio trovão
vai na contramão da massa
assim te vejo forte, passando,
evoluindo, crescendo
de Gravatá a Santo Antão da Mata
e deságua no Mar do Pina
equilibrando numa mão chuva na outra o Sol
és bailarina
e irmã.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Mãe


Tu és
E por isso sou
Se tu diz: é
Eu posso ser
Para além do corpo,
Somos nós
Antes de ser minha
Eu já era seu
Me faço, disfarço, refaço
Reforço, esforço, forço
Destroço.
Sou cruel!
O mundo é cruel!
Te mostro mundo,
que estou por fora
Queria mesmo é estar por dentro
das entranhas, dos ligamentos,
No calor, no carinho
no útero,
cavalgando em tuas trompas
entre a bacia
na barriga 
de minha mãe
que antes de ser minha
eu fui, sou, serei teu
antes do ser e de tudo
em energia. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ode ao Amor



O meu Amor tem litros de cachaça, de vinho e de lágrimas
Tem dores de cabeça, náuseas e mares de ressaca
O meu amor nasceu na frente do cemitério
Fadado a eternidade, ele é morte!

O meu Amor tem horas e horas de indiferença
Milhões de chamadas não-atendidas
Portas na cara de desprezo
Dezenas de frases de “vá embora”

O meu amor tem outros braços, outros corpos,
Outros lábios, outros olhos
Tem desejos adolescentes,
O meu Amor é implacável

O meu Amor tem centenas de noites mal-dormidas
Têm milhares de pensamentos devotos, quilos de orgulho
Tem toneladas de saudade e amnésia
Tem a loucura de não saber o que fazer

O meu Amor tem o mesmo sorriso de criança
A mesma juba de cachos sobre a cabeça
Tem universos de solidão
Tem infinitos de esperança

terça-feira, 30 de abril de 2013

Incensado


as respostas não estão nas palavras
decassílabas, monossilábicas, línguas em pulsão (transante-tesão)
mistérios apagados em brasa

acendes e me vou/me envolvo/me envulva/me envolves
em tranças de fumaça
Cigana, enganas
em danças
que uni-versos
cartas sobre-mesas
meus mapas são lençóis,
nós apertados entre saliva
agora apague! 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Agora

Esse sistema é uma árvore de galhos de prédios
Estou preso a ele, sou fruto disso tudo até agora
Cada sopro d' Deus minha endosperma desperta

Moro aqui no fim da rua, casa Verde n° 1
Entre os lençóis estamos sóis
Eu e Utopia
Sexo, reprodução mutua ou putaria
Nos soltamos abraçados
prisioneiros libertados
plantando Filosofia

Olho os frutos presos, podres
como as acerolas, aceleradas e escuras
Minha radícula
ridícula quer tocar o céu
Semearemos o espaço, que nos cabe
meu quarto, quatro paredes e um papel


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Esse que habita

Ele é sentimentalmente dependente dos outros
independente sentimental de mim
Nada de dentro para fora
tudo de fora
para fora
do tempo
que o caos se instaurou
se banhou de amor
e morreu afogado

domingo, 27 de janeiro de 2013

Para Lua.

Tão cheia de si e de céu.
Fervendo, borbulhando, se derramando
para pintar de branco
que corre em teu véu.
Me banha de leite
Junto a ela,
volúpia e mel
cansa minha vista
fecho os olhos e te vejo
e sonho, 
sonho que eras minha.
refletida em meu eu