segunda-feira, 13 de abril de 2015

Cheiro

você cheira coca
eu cheiro rapé
você bebe coca
eu bebo café
você peso nas costas
eu fogo no pé

O sangue

o coração
sangrava
descia a ladeira de Olinda
Pintava o suor e a urina
pedaço da gente

evapora faz chover
o corpo descansa
na esquina
o calor morreu de sono
no cortejo da alegria

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Ressurreição

contemple.
teu pôr do sol
nascer da lua
três discos voadores
na radiola do tempo
movimentos circulares
cabeça, som, corpo
teclas, sopros de vento
cordas soltas
reverberam os beros
a roda gigante estrelada
range e recomeça

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Diária

Sumir como o pó da estrada
como a folha no vento
sorrindo apressada passando na janela do ônibus
os pássaros retornam para os ninhos
as palavras não.
des-existir por um instante
para os olhares treinados do cotidiano
para as ações manipuladas e mecanizadas
romper barreiras minar estruturas
livre para nunca existir
tão contraditório como as palavras perdidas
aqui nesse papel, solto no chão, na chuva, na rua da vila união
não se conta os passos cansados do poeta
o peso das palavras é pouco
perto do peso de guardá-las